Ali fora para além da vista
da janela, para além do sequer
imaginado, para além de toda
conjectura, mesmo assim o
espírito haverá de ser, com sua
onipresença ali no bar, na mesa do
bar na calçada sob a marquise
de arqueologia indefinida, a marquise
fadada a ruir um dia como
testemunho do movimento eterno
movimento em torno de ideias muito
particulares, sopradas pros homens, sabe
deus por quem, por quê, sob qual
pretexto, no exato momento de uma
descoberta intangível, um lapso, um
descuido do senso de realidade, a
graça de toda criatura enternecida.
.
À procura do espírito, o ovo primevo, a
primeira palavra, o relâmpago.
.
Manchete de
jornal: incidente na calçada produz
cinco ou seis epifanias.
.
Esse é para o meu amigo Chorik. Não que seja um poema espírita. É sobre isso que chamo de espírito!
Foto: sala de visitas da casa da minha avó, em Caetité-Ba.